Estava recordando a poesia 'O tempo'.
O autor fazia um joguinho divertido de palavras: tempo e conta!
Critérios interessantes,
relativos por um lado e preocupantemente absolutos por outro:
O tempo
(Laurindo Rabelo)
Deus pede
estrita conta do meu tempo,
É forçoso do
tempo já dar conta;
Mas como dar
sem tempo tanta conta,
Eu que gastei
sem conta tanto tempo?
Para ter minha
conta feita a tempo,
Dado me foi bem
tempo e não foi conta.
Não quis
sobrando tempo fazer conta,
Quero hoje
fazer conta e falta tempo.
Oh! Vós que
tendes tempo sem ter conta.
Não gasteis
esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto
é tempo em fazer conta.
Mas, oh! Se os
que contam com seu tempo
Fizessem desse
tempo alguma conta,
Não chorava
como eu o não ter tempo.
Moisés pede a Deus que o ensine
a contar (matemática) os seus dias (o seu tempo) e afirma que nisto está a
sabedoria (Sl 90.12). Compreender o valor do tempo e utilizá-lo de modo extraordinário.
Significa trabalhar duro?
Sem cessar? Sem passatempo?
Significa enriquecer?
Segundo Paladas,
de Alexandria, não! No século IV d.C. este escritor vivia num momento inquieto,
de grandes mudanças e embates entre a cultura grega e o mundo cristão.
Considera em seus versos:
"Enriqueces,
e daí?
Quando
morreres, a riqueza por acaso te seguirá ao te arrastarem para o túmulo? No
juntá-la gastaste o teu tempo
de vida: não poderias pagar por ela preço
mais exorbitante!"
Perguntaram para
um sábio quantos anos ele tinha. Ele respondeu: - “Não sei. Sei quantos
anos já tive, mas já passaram, não são mais meus”.
Quantos anos temos
disponível para viver nesta terra? Não sabemos! Podem ser dias, meses, anos,
décadas. Não importa a estação (do ciclo da vida) que vivemos: Primavera, Verão,
Outono, Inverno. É preciso refletir. A Bíblia nos mostra que o modo de
contar os nossos dias, a nossa idade pode ser diferente.
Quanto adolescente
tive oportunidade de assistir a uma palestra, no Acampamento Palavra da Vida,
pelo Prof. Christian Chen,
professor de Física Nuclear da USP, sobre a matemática de Deus que me deixou
muito impressionada. Estarei relatando algumas informações baseadas também no
seu livro (CHEN, s/d).
A questão básica
é: “Quantos anos transcorreram entre a saída do povo de Israel do Egito
(Êxodo) até o inicio da construção do templo?”
Em Atos 13.18-22
são relatados:
* 40 anos no
deserto;
* 450 anos de
Juízes até Samuel;
* 40 anos do
reinado do Rei Saul.
* Após o reinado
do Rei Saul, Davi reinou por mais 40 anos (1 Reis 2.11), sendo
substituído por seu filho, Salomão.
* Salomão inicia a
construção do templo após três anos de reinado (1 Reis 6.1).
Somando, obtemos 573 anos desde a peregrinação no deserto até o
início da construção do templo.
Entretanto, 1 Reis
6.1 relata o seguinte: “No ano quatrocentos
e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, Salomão, no ano
quarto do seu reinado sobre Israel, no mês de zive (este é o mês segundo),
começou a edificar a Casa do Senhor”.
Como isto é
possível? Há um erro na Bíblia? Considerando os dois períodos apresentados
nota-se uma diferença de noventa e três anos (573 – 480 anos = 93 anos).
Como fica essa diferença?
Analisando o tempo
de escravidão do povo de Israel, como conseqüência de sua desobediência, constata-se
o seguinte:
· Juízes
3:8: escravos por 8 anos (serviram Cusã)
· Juízes
3:14: escravos por 18 anos (serviram Eglom)
· Juízes
4:3: escravos por 20 anos (serviram a Jabim)
· Juízes
6:1: escravos por 7 anos (serviram os midianitas)
· Juízes
13:1: escravos por 40 anos (serviram os filisteus).
Somando o tempo
que o povo ficou escravo de outros povos, pela sua desobediência, observa-se um
total de 93 anos, exatamente a diferença que verificamos
anteriormente.
Podemos entender
que estes 93 anos foram nulos, ociosos e em branco perante o Senhor?
A Matemática de Deus é diferente!
Deus disse: “Porque
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os
meus caminhos” (Isaías 55:8).
Interessante
observar que em Atos, Paulo descrevendo a história do povo de
Israel, considerou os 93 anos.
Por outro lado, o
primeiro livro de Reis destaca a atitude dos filhos de Israel diante de
Deus. Neste caso, os 93 anos foram descartados.
É como se os
filhos de Israel estivessem declarando 573 anos de sua gloriosa história e na
realidade o tempo deveria ser contado pelos anos na presença de Deus. Na presença de Deus eles estiveram
somente 480 anos.
Pela
desobediência, o povo de Israel perdeu noventa e três anos de sua história. Durante noventa
e três anos Deus não governou o povo de Israel e o povo ficou entregue a
idolatria, longe da face de Deus.
Isto pode valer para a nossa vida hoje: Desobediência nos distancia de Deus, dando lugar a tristeza, escravidão, a um mau aproveitamento dos nossos dias.
O povo de Israel
tinha sido libertado do Egito pelo braço forte de Deus. Mas como escravos de
outros povos, de outros deuses estiveram distantes da presença do Santo de
Israel. Juntamente com
seus familiares perderam a benção, foram derrotados nas guerras, foram feitos servos de outros reinos, explorados
e, muitas vezes, esfolados no seu físico e em sua integridade moral.
Se for assim
que Deus conta os nossos dias, quantos anos válidos você e eu já vivemos? Quanto
tempo aceitável e íntegro eu já tive na presença do Senhor? Como tem sido os
meus dias? Pobres, rasos, medíocres, sem significado para a eternidade,
queimáveis como palhas?
Uma professora da
Escola Dominical contando a respeito do arrebatamento de Enoque, disse: 'Era um
homem que dava longos passeios com Deus. Um dia caminharam tanto, foram tão
longe que o Senhor disse: Enoque, estamos sempre juntos e você está mais próximo da minha casa do que da sua. Venha comigo, é melhor adentrar
e habitar comigo de uma vez'.
Andar com Deus de
modo efetivo é estar junto daqu'Ele que direciona, desembaraça e traz paz, significado aos nossos dias. Que isto seja uma realidade na minha e na sua
vida de modo que possamos dizer como Paulo: “Já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
Referência:
CHEN,
Christian. Os números na Bíblia - vol. 1, Imprensa Metodista, 217,
s/d.
PALADAS DE ALEXANDRIA. Seleção, tradução,
introdução e notas de José Paulo Paes. São Paulo: Nova
Alexandria, 1993.
Um comentário:
OI REGINA TUDO BEM!!!SAUDADES....CADA VEZ ADMIRO MAIS O SEU CONHECIMENTO E VIVENCIA NA PALAVRA DE DEUS!!!!!AS MAIS RICAS BENÇÃO DE DEUS SOBRE SUA VIDA!!!NO AMOR DE CRISTO ESPERANÇA....
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