“... Sob a Tua Palavra lançarei as redes" (Lc 5.5b)


'O Teu caminho, ó Deus, é de santidade.

Que Deus é tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que opera maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" (Sl 77.13-14)


quinta-feira, 18 de abril de 2013

'Tolerante sim, conivente jamais!'

          Neemias (por volta de 400 a.C) desfrutava de uma vida confortável. Era copeiro do Rei Artaxerxes, na cidade de Susã, na Babilônia. Entretanto, Neemias era um homem que se importava.
Neemias orava, jejuava, lamentava a miséria e a vergonha de pessoas desconhecidas, que viviam distantes (1.600 km), em Jerusalém, mas que pertenciam ao seu povo, povo de Deus.
       Com o aval e ajuda do rei, Neemias viaja até Jerusalém onde anima o povo a fortalecer suas mãos, a se ajudarem mutuamente para a reedificação das muralhas. Teriam êxito porque a boa mão de Deus estava com eles. Podiam se alegrar no Senhor e desta alegria viria a força que precisavam para concretização desta grandiosa obra (Ne 8.10).

Todos, emocionados, ouviam a leitura e explanação da Palavra pelo sacerdote Esdras. Relembravam os seus ancestrais no deserto recebendo o cuidado e a provisão de Deus. Suas vestes não envelheciam e os seus pés não inchavam. 
Entretanto, o livro de Neemias finaliza com um capítulo de confronto (Nee 13), mostrando que este profeta podia ser um homem alegre, animado, compreensivo, mas não era conivente com o pecado.

Neemias nos ensina a diferença entre tolerância e conivência:
Tolerante é o que compreende as lutas, as limitações do próximo. Acolhe, com misericórdia, o pecador arrependido.
Conivente é aquele que se alia e, até, simpatiza com o pecado. Não gosta da Palavra de disciplina, de transformação que vem de Deus. 
Alisa a cabeça do pecador e fala o que ele quer ouvir: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz, quando não há paz” (Jr 6.14).

Tem um hino no Cantor Cristão que diz: “Olhar com simpatia os erros de um irmão”. Um pastor disse, com muita propriedade: - “Precisamos mudar esta letra para: ‘Olhar com simpatia o nosso irmão errado”.
É não ter medo de admoestar, com amor. Ajudar o irmão a retornar aos braços de Deus sem acobertar a maldade, sem afofar a cama da injustiça.
Limpar as feridas profundamente dói, tem que ter coragem, mas somente assim podemos desfrutar da paz, do descanso saudável que somente Deus pode oferecer.

Certa ocasião fiz uma pequena ferida no pé, decorrente de uma simples bolha. Não deixava ninguém retirar totalmente o pus que se formou, e a ferida começou a crescer e a prejudicar todo o meu corpo. Meu pé ficou vermelho, inchado e quente. Só fui sarar completamente quando permiti que o médico limpasse profundamente, esfregando a ferida e retirando todo o pus.
É assim que o Senhor faz conosco. Perdoa-nos totalmente, desde que confessemos e deixemos os nossos pecados. Isso pode doer, mas só assim haverá cura. Quando alimentamos mágoas passadas ou cultivamos o pecado, estamos contaminando o nosso interior, dando brecha para o inimigo e impedindo a ação restauradora de Deus:
“Porque a tristeza segundo Deus produz
arrependimento para a salvação, 
que a ninguém traz pesar;
mas a tristeza do mundo produz morte” (2 Co 7.10).

Que possamos refletir na nossa conduta com relação aos desmandos sociais, a imoralidade, a corrupção que tem se dizimado na vida da nossa nação. Estamos nos acomodando? Extrapolando as fronteiras da dignidade, da ética? 
Sim, vamos acolher nosso companheiro de jornada com amor, com tolerância, mas jamais sejamos coniventes com o pecado. Além de não ajudar, a conivência é desastrosa, permitindo que o mal prospere.

Que o nosso amado Pai (Deus da Paz) sonde o nosso coração, mostrando-nos o que precisa ser mudado, primeiramente em nós mesmos, e nos conduza para o Seu santo e puro caminho.
“E a paz de Deus, que excede todo o
 entendimento guardará o vosso coração e
 a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.7)

 ‘Guardará’, do grego, significa o estabelecer guardas num ambiente hostil, cercado de inimigos (Martin, 1985).  

Nossa paz, em Cristo Jesus, 
está guardada, selada,
lacrada pelo Senhor da Paz:
Yahweh-Shalom! ALELUIA!!!

Oh, paz - doce, deliciosa, irresistível paz -
que somente em Cristo podemos desfrutar!!!
Referência: Martin, R. P. Filipenses. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 1985, p.171.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

'Varra os cacos e sorria...'

Senhor José...João...Tio!


Escrito pela minha filha, Deborah

Era um dia ensolarado como a maioria dos dias de prova, que teimavam em me lembrar que eu queria era estar na praia. Eu adquiri o habito de aguardar a chegada desse momento opressor e malvado (porém necessário) no jardim da faculdade. Era um ambiente agradável: verde, flores, passarinhos, sol e ... Eu! Cercada por infindáveis livros, resumos e decorebas de último instante que, em certa parcela, seriam fatalmente eliminadas do meu cérebro tão logo eu entregasse a prova preenchida nas mãos do professor. A verdade é que, às vésperas das avaliações, após uma noite mal (ou não) dormida, aquela papelada toda ao meu redor era mais um enfeite do que uma fonte de conhecimento. E havia sempre a esperança de que elas caíssem em minha corrente sanguínea espontaneamente e, sem querer, se alojassem em meu cérebro. Mas, confesso, era um alívio estar com eles, como um viciado que se agarra em suas últimas tragadas eu não me desapegava das anotações com facilidade. 

Em meio aos meus devaneios e tentativas vãs de absorver novos conceitos, iniciou-se, certa vez, um discreto barulho perto de mim. Melódico, insistente... Irritante! Virei-me para ver de onde vinha aquele desacato ao meu pavor estudantil e me deparei com um sorriso simpático de um senhorzinho varrendo o chão. Retribuí o sorriso automaticamente e, por alguns instantes, percebi o quanto eu, não raramente, perdia a noção do que me cercava. Ali, em meio a um lindo jardim, havia um simpático senhorzinho de mais ou menos 70 anos que sorria pra mim, com seus dentes alinhados por não serem seus, a cabeça forrada de cabelos brancos e uma expressão de quem já trabalhou muito e que, na minha interpretação, dizia apenas: “Oi, eu varro o chão em que você pisa! Posso sorrir pra você?”. Com o tempo, passei a procurar por aquele sorriso que sempre se destacava no jardim, antes do corredor da morte pré-prova. Era como se tivessemos uma cumplicidade silenciosa. Eu, então, passei a gritar “oi, tiiiiiiio!” toda vez que o via, de longe, de perto, passando de carro, de cima do prédio... A isso ele respondia um respeitoso: "Oi, 'fia'!". Isso provocava certa estranheza em pessoas mais recatadas, mas eu não me importava. Ele era o “meu-tio-que-varria-o-chão-e-sorria”!

Com o tempo, conversamos algumas vezes. Ele perguntou sobre o meu curso e percebi que ele não entendia exatamente quais eram os passos que deveriam ser tomados para que alguém fosse médico e nem para que alguém não passasse a vida com um sorriso fácil engatilhado...

A partir do quarto ano, eu quase não ia mais pro campus, porque nossas atividades quase se restringiam ao bloco hospitalar. Quando eu ia "passear" pelas áreas do ciclo básico, procurava aquele barulhinho da vassoura feita de folhas esbarrando no chão para ver se encontrava aquele senhorzinho simpático agarrado ao barulho. Às vezes o encontrava. Às vezes não. Às vezes trocávamos algumas palavras. Às vezes só um “Oi, tio”.

E, então, em uma das últimas vezes que vi o Sr. João ou José (eu nunca lembrava qual era o nome correto e tinha vergonha de perguntar de novo e de novo... A verdade é que ele me atendia pelos dois nomes, e eu ainda preferia chamá-lo de “tio”) ele me falou, entusiasmado, que tinha sido escolhido pelos formandos de Direito para ser o funcionário homenageado! O sorriso que eu senti estampar meu rosto naquele momento não foi do tipo: “Ah, fico feliz que você tenha conseguido pegar um bicho de pelúcia numa máquina projetada para que isso não ocorra”, mas foi um sorriso que saiu do mais profundo do meu pâncreas, do musical som das minhas artérias e eu quase que, do alto dos meus 1,85m, peguei o tio e o joguei pra cima! Era óbvio! Como não pensaram nisso antes? Tinha que ser homenageado! Nem todo mundo varre o chão ou varre a vida com a mesma graça e autenticidade, cheio de sorrisos. E tanta gente faz tanta coisa aparentemente “grandiosa” e , no fundo, é tão pequena que jamais varreria mesmo como o tio varre! A grandeza dos pequenos atos, quando executados com cuidado, chega a ser difícil de entender. 
Bom...Parabéns Sr. João... Sr. José... Tio! Eu não sei seu nome, mas seu rostinho sorridente ainda hoje me tira um sorriso quando me deparo com minhas torrentes de memórias e, então, paro pra pensar no que realmente importa. O meu temor mesquinho é varrido e permanece distante, até o próximo vento frio cheio de folhas. Mas a vida, afinal, é sempre uma questão de varrer o que deve ser varrido e manter um sorriso no rosto :)



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Sou suspeita, confesso. Mas como gosto de ler as idéias de minha princesinha Deborah. Elas me emocionam e me levam a pensar. Que possamos valorizar os tantos 'tios' que, anonimamente, tornam a nossa vida bem mais bela e perfumada e, quiça, sonora... 

Lembrei-me do texto que escrevi: 'Quebre o vaso e desfrute do extraordinário' 

http://destilardosfavos.blogspot.com.br/2012/10/quebre-o-vaso-e-desfrute-o.html

segunda-feira, 8 de abril de 2013

'Preciosas memórias'

Não sei quem escreveu a ilustração abaixo, mas muito linda e verdadeira!  

"Um famoso palestrante começou um seminário numa sala com 200 pessoas, segurando uma nota de R$ 100,00 (cem reais).
Ele perguntou: “Quem de vocês quer esta nota de R$ 100,00 (cem reais)?”
Todos ergueram a mão...

Então ele disse:
“Darei esta nota a um de vocês esta noite, mas primeiro, deixem-me fazer isto...” Então, ele amassou totalmente a nota.
E perguntou outra vez: “Quem ainda quer esta nota?”
As mãos continuavam erguidas. 

E continuou: “E se eu fizer isso...” Deixou a nota cair no chão, começou a pisá-la e esfregá-la. Depois, pegou a nota, agora já imunda e amassada e perguntou: “E agora?” “Quem ainda vai querer esta nota de R$ 100,00?” 

Todas as mãos voltaram a se erguer. O palestrante voltou-se para a platéia e disse que lhes explicaria o seguinte: “Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês continuaram a querer esta nota, porque ela não perde o valor.

        Esta situação também acontece conosco. Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos nos sentindo sem importância. Mas não importa, jamais perderemos o nosso valor. Sujos ou limpos, amassados ou inteiros, magros ou gordos, altos ou baixos, nada disso importa! Nada disso altera a importância que temos. O preço de nossas vidas, não é pelo que aparentamos ser, mas pelo que fizemos e sabemos”.

        Mesmo se rasgarmos a nota, podemos remendá-la e ela terá o mesmo valor. Mesmo se perdemos um membro do nosso corpo, não perderemos o nosso valor, enquanto houver vida.

Agora, reflita bem e procure em sua memória:
Nomeie as 5 pessoas mais ricas do mundo.
Nomeie as 5 últimas vencedoras do concurso de Miss Universo.
Nomeie 10 vencedores do prêmio Nobel.
Nomeie os 5 últimos vencedores do prêmio Oscar, como melhores atores ou atrizes.

Como foi? Mal, né? Difícil de lembrar? Não se preocupe. Ninguém de nós se lembra dos melhores de ontem.
Os aplausos vão-se embora. Os troféus ficam cheios de pó. Os vencedores são esquecidos.
Pois, não vida não há aplausos que durem para sempre e nem vaias que sejam eternas.


Agora faça o seguinte:
Nomeie 3 professores que te ajudaram na tua verdadeira formação.
Nomeie 3 amigos que já te ajudaram nos momentos difíceis.
Pense em algumas pessoas que te fizeram sentir alguém especial.
Nomeie 5 pessoas com quem transcorres o teu tempo.

Como vai? Melhor, não é verdade?

As pessoas que marcam a nossa vida não são as que têm as melhores credenciais, com mais dinheiro, ou os melhores prêmios.
As pessoas que marcam a nossa vida são aquelas que se preocupam conosco, que cuidam de nós, aquelas que, de algum modo, estão ao nosso lado.

Será que não é melhor darmos mais valor as pessoas que estão a nossa volta do que para pessoas que nem sabe que nós existimos?"

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Finalizo esta ilustração lembrando parte do que eu escrevi neste blog tempos atrás em: http://destilardosfavos.blogspot.com.br/2013/03/amar-e-envolver-se-por-inteiro-porque.html 

          'Mundo tão grande, mundo tão pequeno… Tempos tão complicados, corações tão insaciáveis e, na realidade, tempos tão singelos, tão deliciosos de se desfrutar.
É só abrir as portas dos armários da nossa alma e expor abraços, sorrisos que, muitas vezes, com avareza ou indiferença, arquivamos. Instrumentos disponíveis, mas não liberados. Transformadores de contos, construidores de preciosas memórias, do tamanho exato da carência do nosso companheiro de jornada neste mundo tão grande, porém tão pequeno, tão rico e tão carente'. 


Que tal telefonar hoje pra alguém que tem sido benção em sua vida e contar isto pra ele?
Que tal dar um abraço bem apertado em alguém que está pertinho de você e dizer o quanto ele é importante em sua vida?

“Senhor, meu Deus, perdão por não valorizar tantas preciosidades que tem, 
generosamente, me presenteado.

Ensina-me a valorizar todos 
os companheiros de minha jornada. 
Dê-me consciência de que cada um deles foi selecionado ‘a dedo’
o Seu dedo, com algum propósito. 
Ensina-me a entender que nenhum deles é peça sobressalente. A conviver com todos em paz, 
com alegria. Tira do meu coração qualquer sentimento indigno e coloque perdão, disponibilidade. 

Pai, tem alguém que eu precise perdoar? 
Tem alguém que eu precise pedir perdão? 

Sonda o meu coração, mostra-me e 
ajuda-me a fazer isto porque quero agradar o Seu Santo Espírito, que em mim habita. 
Em nome de Jesus, meu exemplo no perdão e na doação incondicional, amém!”