“... Sob a Tua Palavra lançarei as redes" (Lc 5.5b)


'O Teu caminho, ó Deus, é de santidade.

Que Deus é tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que opera maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" (Sl 77.13-14)


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

'Quantos anos você tem?'

          Estava recordando a poesia 'O tempo'. O autor fazia um joguinho divertido de palavras: tempo e conta!
          Critérios interessantes, relativos por um lado e preocupantemente absolutos por outro: 
O tempo (Laurindo Rabelo)
Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bem tempo e não foi conta.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.

Oh! Vós que tendes tempo sem ter conta.
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.

Mas, oh! Se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não chorava como eu o não ter tempo.

Moisés pede a Deus que o ensine a contar (matemática) os seus dias (o seu tempo) e afirma que nisto está a sabedoria (Sl 90.12). Compreender o valor do tempo e utilizá-lo de modo extraordinário.
Significa trabalhar duro? Sem cessar? Sem passatempo? 
Significa enriquecer? 
Segundo Paladas, de Alexandria, não! No século IV d.C. este escritor vivia num momento inquieto, de grandes mudanças e embates entre a cultura grega e o mundo cristão. Considera em seus versos: 
"Enriqueces, e daí? 
Quando morreres, a riqueza por acaso te seguirá ao te arrastarem para o túmulo? No juntá-la gastaste o teu tempo de vida: não poderias pagar por ela preço mais exorbitante!"

Perguntaram para um sábio quantos anos ele tinha. Ele respondeu: - “Não sei. Sei quantos anos já tive, mas já passaram, não são mais meus”. 
Quantos anos temos disponível para viver nesta terra? Não sabemos! Podem ser dias, meses, anos, décadas. Não importa a estação (do ciclo da vida) que vivemos: Primavera, Verão, Outono, Inverno. É preciso refletir. A Bíblia nos mostra que o modo de contar os nossos dias, a nossa idade pode ser diferente.
Quanto adolescente tive oportunidade de assistir a uma palestra, no Acampamento Palavra da Vida, pelo Prof. Christian Chen, professor de Física Nuclear da USP, sobre a matemática de Deus que me deixou muito impressionada. Estarei relatando algumas informações baseadas também no seu livro (CHEN, s/d).

A questão básica é: “Quantos anos transcorreram entre a saída do povo de Israel do Egito (Êxodo) até o inicio da construção do templo?”
Em Atos 13.18-22 são relatados:
*  40 anos no deserto; 
450 anos de Juízes até Samuel; 
40 anos do reinado do Rei Saul. 
* Após o reinado do Rei Saul, Davi reinou por mais 40 anos (1 Reis 2.11), sendo substituído por seu filho, Salomão.  
* Salomão inicia a construção do templo após três anos de reinado (1 Reis 6.1). 
Somando, obtemos 573 anos desde a peregrinação no deserto até o início da construção do templo.
Entretanto, 1 Reis 6.1 relata o seguinte: “No ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, Salomão, no ano quarto do seu reinado sobre Israel, no mês de zive (este é o mês segundo), começou a edificar a Casa do Senhor”.
Como isto é possível? Há um erro na Bíblia? Considerando os dois períodos apresentados nota-se uma diferença de noventa e três anos (573 – 480 anos = 93 anos). Como fica essa diferença?

Analisando o tempo de escravidão do povo de Israel, como conseqüência de sua desobediência, constata-se o seguinte:
·                    Juízes 3:8: escravos por 8 anos (serviram Cusã)
·                    Juízes 3:14: escravos por 18 anos (serviram Eglom)
·                    Juízes 4:3: escravos por 20 anos (serviram a Jabim)
·                    Juízes 6:1: escravos por 7 anos (serviram os midianitas)
·                    Juízes 13:1: escravos por 40 anos (serviram os filisteus).
Somando o tempo que o povo ficou escravo de outros povos, pela sua desobediência, observa-se um total de 93 anos, exatamente a diferença que verificamos anteriormente.
Podemos entender que estes 93 anos foram nulos, ociosos e em branco perante o Senhor? A Matemática de Deus é diferente! 
Deus disse: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos” (Isaías 55:8). 

Interessante observar que em Atos, Paulo descrevendo a história do povo de Israel, considerou os 93 anos. 
Por outro lado, o primeiro livro de Reis destaca a atitude dos filhos de Israel diante de Deus. Neste caso, os 93 anos foram descartados.
É como se os filhos de Israel estivessem declarando 573 anos de sua gloriosa história e na realidade o tempo deveria ser contado pelos anos na presença de Deus. Na presença de Deus eles estiveram somente 480 anos. 
Pela desobediência, o povo de Israel perdeu noventa e três anos de sua história. Durante noventa e três anos Deus não governou o povo de Israel e o povo ficou entregue a idolatria, longe da face de Deus. 

         Isto pode valer para a nossa vida hoje: Desobediência nos distancia de Deus, dando lugar a tristeza, escravidão, a um mau aproveitamento dos nossos dias.  
O povo de Israel tinha sido libertado do Egito pelo braço forte de Deus. Mas como escravos de outros povos, de outros deuses estiveram distantes da presença do Santo de Israel. Juntamente com seus familiares perderam a benção, foram derrotados nas guerras, foram feitos servos de outros reinos, explorados e, muitas vezes, esfolados no seu físico e em sua integridade moral.
 Se for assim que Deus conta os nossos dias, quantos anos válidos você e eu já vivemos? Quanto tempo aceitável e íntegro eu já tive na presença do Senhor? Como tem sido os meus dias? Pobres, rasos, medíocres, sem significado para a eternidade, queimáveis como palhas?

Uma professora da Escola Dominical contando a respeito do arrebatamento de Enoque, disse: 'Era um homem que dava longos passeios com Deus. Um dia caminharam tanto, foram tão longe que o Senhor disse: Enoque, estamos sempre juntos e você está mais próximo da minha casa do que da sua. Venha comigo, é melhor adentrar e habitar comigo de uma vez'.

Andar com Deus de modo efetivo é estar junto daqu'Ele que direciona, desembaraça e traz paz, significado aos nossos dias. Que isto seja uma realidade na minha e na sua vida de modo que possamos dizer como Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). 

Referência: 
CHEN, Christian. Os números na Bíblia - vol. 1, Imprensa Metodista, 217, s/d.

PALADAS DE ALEXANDRIA. Seleção, tradução, introdução e notas de José Paulo Paes. São Paulo: Nova Alexandria, 1993.


Um comentário:

Unknown disse...

OI REGINA TUDO BEM!!!SAUDADES....CADA VEZ ADMIRO MAIS O SEU CONHECIMENTO E VIVENCIA NA PALAVRA DE DEUS!!!!!AS MAIS RICAS BENÇÃO DE DEUS SOBRE SUA VIDA!!!NO AMOR DE CRISTO ESPERANÇA....