Resgatando a essência
E Jesus, chamando uma
criança, disse: "... Em verdade vos digo que, se não vos
converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no
reino dos céus” (Mt 18.3).
Estava chegando à igreja
triste, preocupada, quando ouvi meu nome sendo gritado, alegremente, por uma
menina de 5 anos que chegava de carro com os seus pais. Naquela madrugada
acordei e, dentre as lembranças que me vieram, estava esta amorosa menina.
Surpreendi-me sorrindo. Ali, deitada num quarto escuro e silencioso, orei por
ela e por sua família. Será que o mesmo acontece com Deus? Ele sorri quando O
buscamos com o coração aberto, sem segundas intenções? Com a simplicidade de
uma criança?
Soube da história de um
cachorro que foi doado e levado a 60
quilômetros de distância de onde cresceu. Logo que
chegou ao seu novo lar, fugiu. Um ano e meio depois, ele retornou a sua antiga
morada. Tantos dias perambulando, procurando o seu dono, caçando aromas, gestos
que traziam segurança ao seu interior. Lealdade, como tem sido rara nos últimos
tempos!
Tenho pensado... quero,
da mesma forma me apegar e ser leal, cada dia mais a Deus. Valorizar cada
momento em Sua
Presença. Quero também valorizar, apreciar cada pessoa que,
por decisão de Deus, passa ou passou pela minha vida. Pessoas destinadas, como
eu, a viver no tempo que se chama hoje e que, de alguma forma, nos conhecemos.
Sabemos que nada acontece por acaso, tudo passa pelo crivo de um Deus soberano
e serve para o nosso crescimento. Existe algo sobrenatural no conjunto de
pessoas que compartilham da jornada da nossa vida. Que Deus nos ensine a
perdoar, a amar até mesmo aqueles que ‘não são amáveis’, que ferem
e perturbam a paz.
Atualmente vivemos momentos em que são freqüentes o individualismo, o protocolo
de uma dissimulada e fria convenção social. Muitos, já feridos, desgastados por
tantas decepções, evitam se apegar às pessoas. Será que não é mais valioso
sofrer por se doar do que ir passando indiferente, sem se deixar envolver?
Creio que vale a pena arriscar sem esperar retorno, mesmo quando não nos é
conveniente. As experiências, as surpresas poderão enriquecer, sobremaneira,
nossas lembranças e na velhice, do nada sorriremos: Valeu, não desperdicei
minha vida!
Num poema de Fernando
Pessoa aprendo:
"Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu.
Mas nele é que espelhou o céu" (Fernando Pessoa)
Parafraseando este
poema, creio também que se quisermos vislumbrar um naco do céu, ir além da
mesmice devemos entender que as emoções não podem ser inertes e nos fazer
inertes. Elas são dinâmicas, atravessam mares, perigos e abismos, porém e, por
conta disso, são os espelhos nos quais o céu se firmou, são os bumerangues das
boas recordações.
Para Refletir: Qual tem sido a
minha visão da vida? Tenho considerado e amado as pessoas que convivem comigo?
Elas sabem disso? Tenho verbalizado este sentimento?
Oração: “Deus, o meu
céu, o meu espelho, o meu sustentáculo, em quem ponho toda a minha
fé, transforma o meu caráter de modo que ser imitador de Cristo seja o meu
Único alvo. Sustenta os meus pés durante as tempestades e transforma
a minha alma, conforme o Seu querer. Ensina-me a valorizar as pessoas, a
geração em que eu vivo. Que ninguém passe incólume ao meu lado. Que eu saiba
reconhecer o aflito e confortá-lo. Em nome de Jesus que tanto me ensina. Amém”!
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