E vivam as pausas, a espera: elas potencializam os
próximos compassos de nossa vida...
Aprendendo com a aranha (Nephila sp)
Texto
Bíblico: “Bendito o homem que confia
no Senhor... ele é como árvore plantada junto às águas... no ano de sequidão,
não se perturba, nem deixa de dar fruto” (Jr 17.7-8)
(Desenho by Deborah)
A teia da aranha,
geometricamente admirável, é fruto da excreção de várias glândulas, com fios
distintos na espessura, conteúdo e função.
Após a escolha do local para
a sua morada, a aranha tece um fio longo e fino que “voa” até achar uma
superfície, onde se gruda. A aranha o percorre várias vezes, delicadamente,
alicerçando-o com outras secreções. Do meio deste fio produz outra linha que,
grudando em outra superfície, forma um Y, ponto de partida e o grande eixo de
apoio da teia. Em seguida, adiciona outros fios como raios, similares aos de
uma roda de bicicleta. Essa espiral contém fios visguentos, com função de
armadilha.
A aranha elege um local de
refúgio para onde direciona fios secos, ligados ao centro. De lá, pela vibração
do fio, avalia o tipo e o tamanho da presa fisgada. Quando o animal está cativo
e indefeso, ela direciona-se a ele pelos fios secos e, tranquilamente, saboreia
a sua refeição.
Muito interessante.
Entretanto, sempre questionei isso: - Qual seria a vantagem de se construir
uma prisão, de restringir o seu próprio espaço?
Até que entendi que, apesar
da limitação de espaço, da falta de asas, as teias possibilitam que a aranha habite com segurança, abrigue os seus ovos e capture
insetos. Sem se expor a predadores, obtém tudo que necessita para
sobreviver.
Há quem goste de ambientes restritos, da intimidade de um pequeno agrupamento, da solidão
da beira de um rio. Outros preferem o burburinho de grandes cidades. Cada um
com o seu jeito peculiar de ser.
Porém, o que determina a
qualidade de vida está no modo que desfrutamos de cada momento e também das
pausas. A pausa traz sentido à música e a nossa vida também. Elas devem servir
para reflexões, para nos sensibilizar, potencializar nossa atenção para os
próximos compassos, de modo que apreciemos cada detalhe de nosso arranjo.
Muitos se queixam das pausas. Elas podem ser resultado de uma doença
inesperada, uma perda, uma impossibilidade ou circunstâncias inesperadas,
requerendo novas estratégias ou rumos. Entretanto, a ausência das pausas pode
embotar nossos sentidos. A agitação contínua e intensa pode dificultar que
gozemos das primícias de Deus.
Madame Guyon (1648-1717), confinada no cárcere da
Bastilha (França), escrevia poemas que revelavam uma profunda intimidade com
Deus. Deles jorrava uma alegria intensa que transpassava os muros da prisão
denunciando uma liberdade inexplicável para os poderosos da sua época.
Não importam o espaço ou as pausas que dispomos, se
houver sonhos, ninguém conseguirá restringir a fronteira da nossa imaginação. O
nosso interior tornar-se-á um abrigo exclusivo, um patrimônio tão elevado
quanto a nossa proximidade de Deus. Isso fará de nós companhias agradáveis para
nós mesmos e para o próximo.
Para
Refletir: O
que há de interessante para apreciar? Um pôr-do-sol, diferente a cada
entardecer? O perfume das flores? O tecer da teia pela aranha? A elegância dos
movimentos de um gatinho? Um poema?
Oração: “Obrigado Senhor por tantas maravilhas. Que eu aproveite cada uma
delas, seja pelo tato,
coloração, sabor, som. Obrigado pelos relacionamentos que enriquecem o meu
interior com novas idéias e ideais. Ensina-me a apreciar cada momento, cada
pausa, cada detalhe como presentes valiosos que evidenciam Seu grande amor. Em Cristo Jesus, amém!”
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