Um dia, um príncipe fez um pedido especial. Ela deveria tecer um vestido de baile para uma garota muito inteligente, chamada Narizinho.
Ah, o vestido ficou uma formosura. Era cor-de-rosa, com estrelinhas de ouro, com rendas e entremeios. Dentre outros adereços, na cabeça um diadema de orvalho e, nos dedos, anéis de brilhantes do mar. Para finalizar, dona Aranha polvilhou a garota com o pó de borboleta... parecia o pó-do-sol que acaba de nascer.
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Ah, o grande momento chegara e, agora, dona Aranha tinha muitas opções, tinha nas mãos a chave do seu futuro. No que ela queria se transformar? Choveram palpites dos amigos. Porém, Dona Aranha ficou muito pensativa até que decidiu continuar sendo uma aranha. Tinha se habituado, feito o melhor que podia como aranha, tinha conquistado muitos amigos e era feliz'.
Esta história do livro intitulado "Reinações de Narizinho" do escritor brasileiro Monteiro Lobato faz com que nossa imaginação flua, com todo encanto dos detalhes da arte da dona Aranha.
Entretanto, a decisão de dona Aranha fala muito ao nosso coração...
Muitos buscam novidades, mudanças pra perceber, muitas vezes tardiamente, que era feliz e não sabia.
Eu aprendo com o apóstolo Paulo a enfrentar as asperezas da vida, a lixar o que é possível e buscar ser feliz em toda e qualquer situação (Fp 4.11). Às vezes, os estilhaços que a vida nos oferece representam a oportunidade de construirmos memórias, algo novo, de experimentarmos o cuidado do Pai.
Estou aqui me lembrando de um episódio. Com nossos filhos ainda pequenos, voltávamos, num domingo à tarde, da casa da minha sogra quando o carro quebrou próximo a Marília (SP). De um barzinho da estrada surgiu um homem que se ofereceu pra puxar nosso carro.
Sem alternativas, aceitamos. Ele nos deixou num posto na entrada de Marília. Dalí pegamos um taxi e fomos pra um hotel levando algumas coisas que lembramos de pegar. Nosso carro ficou estacionado no posto. No hotel, tomamos um banho delicioso e, com chinelos havaianas (em grande estilo...), fomos numa pizzaria no 'point da cidade', rindo e brincando. No dia seguinte, após um cafezão maravilhoso, ficamos (as crianças e eu) no apartamento curtindo um bate papo gostoso, televisão enquanto Leomam providenciava o conserto do carro.
Que lembrança e companhia deliciosa. Um entrave, um imprevisto desagradável tornou nossa viagem ainda mais divertida e inesquecível.
Como precisamos aprender a adotar este estilo de vida. Saborear o momento em que vivemos, as pessoas, cada garfada, fazendo o nosso melhor nas oportunidades que a vida nos oferece.
Isto vale pras pequenas coisas e pras grandes também... Tem gente eternamente insatisfeita. Numa busca insaciável e doentia pelo prazer pessoal passa como trator sobre o sentimento do outro. Hoje, traição, busca desenfreada pelo prazer instantâneo, rebeldia aos ensinamentos da Palavra de Deus se tornaram banais. A desvalorização, a falta de respeito com alianças, com amigos e familiares tem trazido muita dor para nossa sociedade.
Faz com que nos lembremos da ilustração em que alguém pergunta pra um casal já idoso, com mais de 50 anos de casados como eles conseguiram viver tanto tempo juntos. A resposta foi: "Somos de uma época em que quando alguma coisa quebra, aprendemos a consertar e não jogar fora".
Algo pra gente refletir. Muitos tem descartado relacionamentos (seja conjugal, amizades, familiares); crenças. Qualquer dificuldade já pensa em desistir, abandonar, mudar o rumo. Vão deixando rastros de dor, estilhaços de amargura por onde passam. Tristes escolhas, infeliz estilo de vida! Colheitas amargas, vidas desperdiçadas. Pessoas que não deixarão saudades. Semeiam vento, colherão tempestades (Os 8.7).
Que Deus nos ensine a mudar nossos princípios, a enfrentar os desafios, os estilhaços com nobreza, sempre considerando que estar vivo já é um grande privilégio. Que o nosso estilo seja o de valorizar o que dispomos, celebrando a vida mesmo em meio aos seus azedumes.
By Deborah |
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