Moisés
refere-se a vida como uma breve lembrança,
um conto ligeiro, um sopro, que logo
se acaba (Sl 90.9).
Conto
vivido num mundo tão pequeno e tão grande... Numa época ímpar, rodeados por
pessoas exclusivas. Resultado? Um conto peculiar!
Conto ligeiro, porém,
inédito, extraordinário! Sempre deixando rastros de muitas recordações. Algumas
fugazes, tênues, mas que fizeram diferença, transformando-nos no que somos
hoje.
Algumas
lembranças parecem tão distantes, sentimo-nos como meros espectadores. Outras
são silenciosas, com contexto, às vezes difuso.
Ah... mas
algumas frases ficaram... Sim, ficaram impressas, inexoravelmente. Algumas
lamentamos seja por tê-las dito ou por tê-las ouvido. Felizmente, muitas delas
trazem alento ao nosso coração.
Tenho
me perguntado: ‘Que nome eu daria pra este conto que se chama minha vida? Qual a
sinopse dele?’ Difícil... São tantos os
momentos e é tudo tão dinâmico, tão agitado... porém, tão curto!
Lembrei-me
de um desenho da minha filha Deborah e os seus dizeres: “Tão grande, tão
pequeno! Tão longe, tão perto (e antes de tudo: Velho e sem porteira!”
Sim...
inacreditavelmente tão velho! Quantos passaram por aqui! Quantos contos, quantos
encantos, quantos desencontros, enfim... quantas histórias!
Quando
fiz a disciplina “Anatomia Humana” no meu curso de Biologia lembro-me de
ficar olhando atentamente para os pés, as mãos dos cadáveres do laboratório e
me perguntando de que forma foram usados. Para onde aquele corpo levou aqueles
pés... se aquelas mãos serviram pra bater ou pra afagar; se aqueles olhos
vazios e opacos olharam tudo com amor ou com raiva.
A
verdade é que o nosso epitáfio, a sinopse de nossa vida é resultado de nossas
decisões, das nossas prioridades, dos valores que temos promovido com os nossos
gestos, palavras, sentimentos e olhares.
Se
a contagem dos nossos anos dependesse de momentos úteis, que valeram a pena
serem vividos, quantos anos teríamos hoje?
Um
dia é uma oportunidade, uma moeda gasta que não retornará, mas que deixara
dividendos consumíveis como palha ou eternos, que a morte e nem o fogo poderão
destruir (1 Co 3.11-14).
Tão
grande e tão pequeno, tão fútil e tão útil...
Finalizo
com uma ilustração (autor anônimo): Uma senhora obesa foi numa loja de brechó
comprar roupas e não encontrava nada que servisse nela. A vendedora, sensível
diante daquela triste situação, pergunta a Deus: ‘Senhor, como posso ajudá-la?
Ela está ficando tão triste e humilhada!’ A senhora, então, perguntou: ‘Você
não tem nada de tamanho grande aí no estoque?’ A vendedora, abriu seus
braços e respondeu: - ‘Claro que tem! Olha o tamanho deste abraço!’ E
abraçou-a com muito carinho.
A
senhora entregou-se àquele abraço acolhedor e chorando disse: ‘Há quanto
tempo que ninguém me dava um abraço. Não encontrei o que vim buscar, mas
encontrei muito mais do que sonhava’.
Mundo
tão grande, mundo tão pequeno… Tempos tão complicados, corações tão insaciáveis
e, na realidade, tempos tão singelos, tão fáceis de desfrutar.
É só
abrir as portas dos armários da nossa alma e expor abraços, sorrisos que,
muitas vezes, com avareza ou indiferença, arquivamos. Instrumentos disponíveis,
mas não liberados. Transformadores de contos, construidores de preciosas
memórias, do tamanho exato da carência do nosso companheiro de jornada neste
mundo tão grande, porém tão pequeno, tão rico e tão carente.
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