“... Sob a Tua Palavra lançarei as redes" (Lc 5.5b)


'O Teu caminho, ó Deus, é de santidade.

Que Deus é tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que opera maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" (Sl 77.13-14)


sábado, 28 de julho de 2012

Qual o tema do seu conto? Encontro ou Desencontro?

       Moisés refere-se a vida como uma breve lembrança, 
um conto ligeiro, um sopro, que logo se acaba (Sl 90.9).

Conto vivido num mundo tão pequeno e tão grande... Numa época ímpar, rodeados por pessoas exclusivas. Resultado? Um conto peculiar! 
Conto ligeiro, porém, inédito, extraordinário! Sempre deixando rastros de muitas recordações. Algumas fugazes, tênues, mas que fizeram diferença, transformando-nos no que somos hoje.

Algumas lembranças parecem tão distantes, sentimo-nos como meros espectadores. Outras são silenciosas, com contexto, às vezes difuso.
Ah... mas algumas frases ficaram... Sim, ficaram impressas, inexoravelmente. Algumas lamentamos seja por tê-las dito ou por tê-las ouvido. Felizmente, muitas delas trazem alento ao nosso coração.

       Tenho me perguntado: ‘Que nome eu daria pra este conto que se chama minha vida? Qual a sinopse dele?’ Difícil...  São tantos os momentos e é tudo tão dinâmico, tão agitado... porém, tão curto!

       Lembrei-me de um desenho da minha filha Deborah e os seus dizeres: “Tão grande, tão pequeno! Tão longe, tão perto (e antes de tudo: Velho e sem porteira!”


       Sim... inacreditavelmente tão velho! Quantos passaram por aqui! Quantos contos, quantos encantos, quantos desencontros, enfim... quantas histórias!
       Quando fiz a disciplina “Anatomia Humana” no meu curso de Biologia lembro-me de ficar olhando atentamente para os pés, as mãos dos cadáveres do laboratório e me perguntando de que forma foram usados. Para onde aquele corpo levou aqueles pés... se aquelas mãos serviram pra bater ou pra afagar; se aqueles olhos vazios e opacos olharam tudo com amor ou com raiva.

       A verdade é que o nosso epitáfio, a sinopse de nossa vida é resultado de nossas decisões, das nossas prioridades, dos valores que temos promovido com os nossos gestos, palavras, sentimentos e olhares.

       Se a contagem dos nossos anos dependesse de momentos úteis, que valeram a pena serem vividos, quantos anos teríamos hoje?
       Um dia é uma oportunidade, uma moeda gasta que não retornará, mas que deixara dividendos consumíveis como palha ou eternos, que a morte e nem o fogo poderão destruir (1 Co 3.11-14).

       Tão grande e tão pequeno, tão fútil e tão útil...

Finalizo com uma ilustração (autor anônimo): Uma senhora obesa foi numa loja de brechó comprar roupas e não encontrava nada que servisse nela. A vendedora, sensível diante daquela triste situação, pergunta a Deus: ‘Senhor, como posso ajudá-la? Ela está ficando tão triste e humilhada!’ A senhora, então, perguntou: ‘Você não tem nada de tamanho grande aí no estoque?’ A vendedora, abriu seus braços e respondeu: - ‘Claro que tem! Olha o tamanho deste abraço!’ E abraçou-a com muito carinho.
A senhora entregou-se àquele abraço acolhedor e chorando disse: ‘Há quanto tempo que ninguém me dava um abraço. Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que sonhava’.

Mundo tão grande, mundo tão pequeno… Tempos tão complicados, corações tão insaciáveis e, na realidade, tempos tão singelos, tão fáceis de desfrutar.
É só abrir as portas dos armários da nossa alma e expor abraços, sorrisos que, muitas vezes, com avareza ou indiferença, arquivamos. Instrumentos disponíveis, mas não liberados. Transformadores de contos, construidores de preciosas memórias, do tamanho exato da carência do nosso companheiro de jornada neste mundo tão grande, porém tão pequeno, tão rico e tão carente.

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