Saudações à mais nova míope
quase-óculos-dependente:
(Texto de minha filha Deborah Nogueira Couto-
facebook, 24/05/2017)
Eu estava aqui meditando sobre minha
recém estabelecida condição de “miope-quaaase-óculos-dependente”. Eu já
desconfiava disso, claro, mas ao renovar minha carteira de motorista, a certeza
veio à tona. Passei, então, a observar coisas muito interessantes dessa minha
nova situação.
A minha miopia limítrofe, por exemplo,
me aproxima da natureza.
Essa semana, olh ando pela janela, vi na
sacada do prédio mais próximo, um lindo papagaio. Ele era mesmo mto bonito,
verde, imponente, apoiado na grade e se movendo delicadamente. Achei uma
paisagem renovadora e me animei para continuar a rotina. Minha surpresa foi
perceber, momentos depois e com lentes em face, que o meu amigo penoso era, na
verdade, uma plantinha. Sim, uma monocotiledônea mto bonita, verde, imponente,
apoiada na grade e se movendo papagaiosamente; biólogos me perdoem, só faltava
falar pra ser um papagaio. Concluí, então, que minha vida míope deixa a
natureza mais diversificada.
Um outro dia, andando pelos corredores
do hospital (sem meus óculos-quase-necessários), encontrei inesperadamente com
um dos alunos que mais gostava da turma de medicina . Logo fui exclamando:
“Olha só quem tá aqui!”... e esse aluno de tão simpático que um dia foi, passou
reto por mim com um olhar constrangido e eu logo vi que era um ilustre ser
humano desconhecido. Observem que a vida míope me faz mais sociável! (E claro
que, para disfarçar, tratei logo de fingir que a parede da Pneumologia, logo
atrás, era minha amiga de longa data e que a saudação calorosa havia sido
destinada a ela. Tudo tem conserto!).
No trânsito, então, é fantástico! Sou
conhecida internacionalmente pela minha habilidades de localização. Daí, quando
demoro uns metros a mais para conseguir ler as placas, a chance de eu dirigir
até a Patagônia acidentalmente aumentam exponencialmente. A vida míope me faz
conhecer novos lugares!
E por falar nisso, voltando à renovação
da minha carteira de motorista - A médica examinadora logo me avisou: “Deborah,
seu exame está no limite do aceitável. Se seu grau piorar um pouquinho, deverá
usar óculos para dirigir, obrigatoriamente”. Aquilo foi um balde de água fria
na minha vida de pessoa opticamente apta. Mas me senti obrigada a confessar:
“Doutora, eu já uso óculos para dirigir longas distâncias a noite... Para que
não precise forçar demais.” Acho que ela gostou da minha sinceridade e,
descobrindo que também sou médica, foi logo me convidando para seguir a
especialidade e ir trabalhar com ela. A vida míope me oferece novas
oportunidades trabalhistas!
Tudo bem, tudo bem... É óbvio que é
ótimo ainda não depender de óculos o dia todo, todo dia, mesmo me sentindo bem
fashion com meus queridos óculos vermelhos! Mas o mais legal de tudo mesmo, é
poder enxergar. Sou grata por isso. E quando bate a saudade do meu avô que
perdeu a visão anos antes de morrer, poder lembrar que, mesmo cego, ele
“enxergava” melhor que muita gente me faz suspirar! É... Existem muitas formas de visão. Algumas muito
mais importantes que outras, mas nós tendemos a nos preocupar sempre com aquela
que nos oferece a noção material do que está à nossa volta.
Que Deus mantenha nossa visão “física” e
nos ajude a abrir os olhos para o essencial, que é, de fato, invisível aos
olhos (Bem observado, prezado pequeno Príncipe, seu fofinho. Continue
conversando com plantas... ou papagaios, dependendo da lente).
P.S. Visite e divirta-se com o instagram da Deborah: https://www.instagram.com/rabiscos_deh/
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