“... Sob a Tua Palavra lançarei as redes" (Lc 5.5b)


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Tu és o Deus que opera maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" (Sl 77.13-14)


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O que uma gata pode me ensinar???

PIPOCA (Gatinha pula-pula)
Deborah Nogueira Couto



Um dia, fomos adotados por uma gata. Eu estava estudando na sala quando ouvi um miado – “Mainhêe, a senhora esqueceu de desligar o gato!”...O GATO!? Nós não tínhamos um gato! E lá estava a substância felpuda se enrolando em nossos pés. Foi amor a primeira vista! Logo estaria a pequena felina em minha jugular em uma de suas diversas tentativas de me exterminar. Sim, a gata era nervosa... beirando a loucura.

Uma das minhas teorias sobre suas psicoses era que o rabo a deixava atordoada. Ele tinha vida própria. Era incrível como ele continuava se mexendo mesmo enquanto a gatinha dormia. Pensando bem, no lugar dela eu não ficaria satisfeita caso possuísse um apêndice hiperativo. Mas, o tempo passou e o rabo aquietou-se. Entretanto, a Pipoca (o nome da gata era condizente com seu estado de alucinação) continuava hostil. 

Dentre suas diversas peculiaridades, poderia salientar o fato de que, diferentemente dos outros gatos, a Pipoca passava longe do que chamaríamos de “auto-limpante”. A preguiça parecia tão determinante em seus banhos, que após duas ou três lambidas uma imensa fadiga muscular parecia impulsioná-la ao sono, então ela preferia não se dar ao trabalho. Com isso, foi-se formando um ninho de mafagafos nas suas costas, que depois de um tempo foi heroicamente retirado em um pet shop. Foi quando achei minha bicicleta. A Pipoca tinha guardado lá. Ok, não chegava a tal ponto. Só tentei dimensionar.

A Pipoca não comia ração, não gostava de colo, abominava seres humanos e qualquer forma de carinho, gostava de ficar em posição budista e miava de uma forma indescritivelmente estranha. Por tudo isso, eu carinhosamente a apelidei de “Pipocossaura”. 

Além disso, era o terror dos pássaros! E você pode estar pensando: Enfim, algo normal a todos os felinos. Mas devo frustrar-lhe, dizendo que a atitude dela diante dos pássaros era desesperadora. O primeiro passo constava em observá-los com um semblante hipnotizado, fazendo um ruído semelhante ao de uma porta sem óleo. Caso o passarinho caísse no chão, a segunda fase permanecia à base de observação! Sim, a gata de rabo hiperativo, descomunalmente, era hipoativa nesses momentos. Entretanto, devo mencionar, não sem dor, que ela dava pequenos tapinhas no voador, para certificar-se que ele estava se mexendo, o que aparentemente lhe causava extrema satisfação. Qualquer pássaro preferiria uma morte digna no lugar dessa lenga lenga.

Mas não estou aqui para falar mal da gata. Pelo contrário! Escrevi o texto no passado, porque ela mudou muito. Ela já não me ataca com tanta freqüência, portanto parei de usar escudo e de andar armada; além disso, contanto que não a contrariemos, ela permanece no colo por alguns segundos e, ainda, começou a comer requeijão, ao invés de comer só ração. Outra coisa: sua atual obesidade não permite que ela faça exercícios extenuantes, como por exemplo: dar dois passos, sem tirar uma soneca. Isso é o esperado dos gatos normais independentemente do índice de massa corporal.

Diante disso tudo, concluo que os animaizinhos têm personalidade única e podem também mudar com o tempo. Após uma seqüência que tivemos de felinos de todas as tribos, vejo que cada um é peculiar e conquistou nossa família de um jeito. A Pipoca, por exemplo, nos conquistou porque a gente sabe que ninguém mais agüentaria conviver com ela... Isso a torna interessante, misteriosa e... eventualmente, chata! Mas o que é o eventual diante do todo? E, ao todo, ela é peluda, fofinha, engraçada, cheia de frescuras e... chata. De novo!? Mas sabe o que é mais legal: ela nos adotou!

E, além disso, ela nos ensina que dá pra mudar mesmo sendo o ser mais cabeça dura do universo e isso sim é um feito notável. Obrigada, Pipoca! 

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