“... Sob a Tua Palavra lançarei as redes" (Lc 5.5b)


'O Teu caminho, ó Deus, é de santidade.

Que Deus é tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que opera maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" (Sl 77.13-14)


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

'Fardos pesados demais: quando fazer todo o possível não é o suficiente!'

Uma reflexão dedicada a todos que, chamados por Deus, assumiram o compromisso de anunciar a Salvação em Cristo Jesus. Entretanto, sentem-se exaustos demais, atônitos...
Atender ao ‘Ide’ de Jesus (Mc 16.15): Grande privilégio... Tremenda responsabilidade...
Entretanto, como ser uma pessoa:
* com percepção pra saber a mensagem de Deus para o seu povo, sem se desviar para esquerda ou para a direita?
* totalmente fiel à Palavra que não se afasta da sã doutrina?
* humilde, que não se ensoberbece, que não se considera uma casta superior por desfrutar de tamanho privilégio?
* sensível para não descuidar das ovelhas famintas, doentes, carentes sem deixar de ser zelosa pelos de sua própria casa?
* que anima os demais, mesmo estando abatida?
* que não impõe jugos pesados, não leva as ovelhas à exaustão?
* que não se envolve e nem toma partido em picuinhas, contendas internas?
* pacificadora?
* com juízo pra distinguir os ‘bodes’ e o ‘joio’ e corajosa, o bastante, pra afastá-los do rebanho?
* com domínio próprio para não se irritar com palavras injustas e, ainda, misericordiosa pra perdoar as críticas?
* sábia pra estimular e conduzir cada ovelha a desenvolver o seu dom?
* que reconhece o esforço e a dedicação das suas ovelhas e as estimulam a prosseguir?
* que reconhece o seu pecado, clama pelo perdão de Deus e não se prostra porque crê na Sua infinda misericórdia?
* que não perde o foco, o entusiasmo por Deus e sua visão da eternidade?

E então? Sentiu uma nuvem negra da impotência pairando sobre sua cabeça? Difícil, não é mesmo?
Por isso, muitos, como Jonas, fogem deste chamado. 
Outros confessam: 'Não vou conseguir atingir este padrão'

Há quem entre com o coração ardendo e, com o passar do tempo olha, desconsolado, as cinzas frias que restaram do entusiasmo dos tempos passados. Sente-se sugado na sua seiva. Decepcionado consigo mesmo, com os irmãos, com a liderança e até com o próprio Deus.  Com suas reservas esgotadas, desfalece a beira do caminho.
Sua fé sofreu um curto circuito e, atônito, se pergunta como os discípulos a caminho de Emaús (Lc 24.13-35): 'Para onde foi nossa esperança? Não consigo enxergar Deus nesta história!'
Outros, para não sucumbir, vivem dos milagres do passado: 'Guias turísticos em museus espirituais  (Smith, 1995). Lembrar do que Deus já fez é bom, pode fortalecer a fé, mas a Sua misericórdia se renova a cada manhã e ela traz novidade de vida. Um Deus que está sempre surpreendendo todo aquele que O busca, em espírito e em verdade (Jr 33.3).

Pastor Malcolm conta que estava à beira de uma lagoa e viu uma rã ser, literalmente, sugada por um besouro d'água. Todo o seu conteúdo foi dissolvido por uma substância que o besouro injetou, preparando previamente o seu repasto.
Muitos se sentem assim, sugados na sua vitalidade, na sua fé, no seu entusiasmo.

"Desistir? Já pensei seriamente nisto mas nunca me levei realmente a sério. 
É que tem mais chão nos meus olhos que cansaço nas minhas pernas, 
mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, 
mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça" (autor desconhecido). 

Eu acrescentaria: mais fé e paixão por Deus do que a força de qualquer circunstância adversa.
Louvado seja o nosso Deus porque conhece profundamente a nossa essência. 
Sabe das nossas limitações e, então, nos convida:
"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma"
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mt 11.28-30)

Fardo é tudo que é excesso. Jesus nos convida a nos aliviarmos do fardo da religiosidade, das regrinhas que engessam, esmagam, ferem, queimam, nos tornam impotentes. Jesus nos convida a tomarmos o Seu jugo. Jugo do compromisso, da lealdade. 

Louvado seja Deus porque o Seu amor não depende do nosso desempenho, das nossas realizações, do que fizemos ou deixamos de fazer.
Elias, após ser presenteado com milagres fantásticos, foge exausto, com medo das ameaças da rainha Jezabel, para o calor extenuante do deserto e pede a morte:
“... Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, 
pois não sou melhor do que meus pais” (1 Rs 19.4).
Deus não o acusa, não o abandona pela deserção. Pelo contrário, manda um anjo cuidar de suas necessidades físicas. Traz a Elias o melhor, pão quentinho assado na pedra, água fresca. Deus ouve o seu desabafo, cochicha ao seu coração e o anima a prosseguir. É lindo demais! Como Deus é bom! 
A Palavra que anima os Seus servos: "Mas sede fortes, e não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra terá recompensa" (2 Cr 15.7) "Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o Seu nome..." (Hb 6.10).
Sem dúvida, a melhor recompensa é saber que estamos dentro da vontade do Pai. A alegria e a paz que provém da obediência são inexprimíveis e impagáveis: "Que darei ao Senhor por todos os Seus benefícios para comigo?" (Sl 116.12).

‘Ah, meu Deus, cada dia o meu amor pelo Senhor aumenta mais e mais. O Senhor é tudo pra mim, razão do meu respirar, do meu existir. Obrigada pelo Seu perdão, por não desistir de mim apesar de conhecer a miséria do meu interior. A certeza da Sua misericórdia me encoraja a prosseguir e, assim, me atrevo a chegar à Sua Presença e pedir que me use, sempre e sempre. Que minha vida, que minhas palavras O honrem como o Senhor merece. Ensina-me a me colocar na brecha, a ser uma intercessora. Ao Senhor, somente ao Senhor, rendo toda a minha admiração e toda minha adoração’

Recomendo a leitura (livro excelente):
* Smith, Malcolm. Esgotamento Espiritual. Editora Vida, 1995, 205 p.


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