“... Sob a Tua Palavra lançarei as redes" (Lc 5.5b)


'O Teu caminho, ó Deus, é de santidade.

Que Deus é tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que opera maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder" (Sl 77.13-14)


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

'Crer pra ver!'

Deserto: Abandono, Castigo ou
Oportunidade de Deus?
 “Portanto, eis que Eu a atrairei, e a levarei para o deserto, 
e lhe falarei ao coração” (Os 2.14).

Conta-se que num vestibular para ingresso numa Faculdade de Publicidade, um dos itens da prova era redação livre, com o seguinte tema: “Descreva o que você vê na folha anexa”. Os candidatos estranharam: a folha estava em branco. A melhor nota foi conferida a um candidato que escreveu: “Nesta folha em branco, vejo uma grande oportunidade”.     

Quantos dias, quantos anos nos restam? Não sabemos! Podem ser poucos ou muitos. Sabemos, entretanto, que são folhas em branco que indicam que a nossa história ainda não acabou. 

É crermos que estar vivo é um presente de Deus, uma grande oportunidade!
Como precisamos absorver esta verdade e nos animarmos, aquietarmos o nosso coração mesmo em meio a um deserto árido e seco. É vislumbrarmos pela fé que algo novo pode acontecer, um renovo do Pai que mudará a nossa história.

Você pode pensar: “Está complicado demais... Meu passado é bem isto: uma folha mal aproveitada, sem realizações que mereçam ser divulgadas. Muitas frustrações, muitos sonhos desfeitos. Foram tantas as lutas, tantas expectativas e eu aqui, estagnado, na aridez de um deserto, sem saber o que fazer.  Como posso, nesta situação, enxergar oportunidades?”
Francisco Otaviano (1829 – 1889) declarou na poesia “Ilusões da Vida”: “Quem passou pela vida em branca nuvem, e em plácido repouso adormeceu. Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu, foi espectro de homem - não foi homem. Só passou pela vida, não viveu”.

Para os que confiam que Deus está no controle absoluto da sua história como enxergar um deserto? Um castigo? Um lugar de abandono, de indefinições? Ou oportunidade de construir um novo legado, num local especial, num ateliê, onde uma nova biografia é delineada e esculpida pelas Mãos do Eterno Pai.

Quando meditamos na história dos grandes homens de Deus vemos que os desertos foram o palco onde ocorreu o sobrenatural e a fé destes homens amadureceu. 
Vemos que a luta é o material e método de Deus pra nos ensinar dependência e perseverança na fé. O resultado? Experiência com o Pai, a esperança no porvir (Rm 5.3-4).
A calmaria pode gerar soberba em nosso coração e nos afastar da fonte da nossa energia, que move nossa vida para propósitos eternos:
“Quando tinham pasto, eles se fartaram, e, uma vez fartos, 
ensoberbeceu-se-lhes o coração; por isso, se esqueceram de mim” (Os 13.6).

Como um lápis precisa ser afiado, lapidado para escrever melhor, para deixar marcas nítidas, nós precisamos ser tratados por Deus, passados por apontadores para ficarmos mais competentes, preparados para novos desafios. Os desertos podem significar pausas de preparação.

Você pode pensar: 'Tudo isto parece tão teórico!' Gostaria de compartilhar uma experiência. Por algumas razões, mudamos de cidade. Saímos do conforto, do aconchego de amigos, do conhecido para algo novo, estranho. A adaptação foi árdua, penosa! Enxergava, incorretamente, um deserto. Entretanto, foi um período fértil de experiências. Aprendi a depender de Deus, vi milagres acontecendo, meus valores foram testados, minha confiança em Deus fortalecida e, posso garantir, que sai mais enriquecida, com mais convicção da minha fé, com muitos frutos e com novos e preciosos amigos. Foi um período extraordinário e indispensável na minha biografia. 

       Quando nos submetemos a Deus pela fé, Ele se revela e, então, algo surpreendente acontece. A certeza de não estarmos sozinho, que Deus está conosco e Ele tem um propósito para nossa vida que jamais será frustrado (Jó 42.2). É fascinante! Os desertos transformam-se em campos floridos, férteis, transbordantes de frutos suculentos.

Há pedras no caminho? Sim! Entretanto, quando reclamamos, Deus nos repreende: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?” (Jr 12.5). Como receber maiores incumbências, novos desafios como usufruir de uma vida abundante, se lutas infantis, elementares abatem, paralisam o nosso interior?

O sofrimento é pedagógico porque nos ensina a lei de Deus (Sl 119.71). Conta uma historia que certo dia um garoto resolveu nadar, junto com os seus irmãos, num rio que havia no fundo da casa dos seus avôs. Uma cobra sucuri grudou no menino que começou a se debater, em vão. Os seus gritos alertaram o avô que foi até ali e o puxou tenazmente.  A força da cobra era grande, mas maior era a paixão de seu avô pelo menino e nada o faria soltá-lo. Com uma faca ele foi furando a cobra que amoleceu e soltou o garoto. Ele trazia no corpo as marcas da mordida da cobra, mas trazia também as marcas das mãos do seu avô, resultantes do esforço feito para retirá-lo das garras da serpente.
Muitas vezes trazemos marcas em nossas vidas. Marcas de lutas, cicatrizes, permitidas por Deus para nos proteger, para que não nos perdêssemos nas arapucas da vida. Quando o mundo tentava nos seduzir, nos engolir, Deus nos puxava para mais perto dele.

Para nós o sofrimento pode representar confrontação, dor. Entretanto, para Deus, uma oportunidade de nos resgatar, de renovar a aliança conosco. Pode doer, mas pode ser a grande oportunidade de conhecermos melhor o Deus vivo: Eu te conheci no deserto, em terra muito seca” (Os 13.5).
O que as provações têm causado em nós? Tem tornado nosso coração amargo, intolerante, duro, atolado na autopiedade? Tem paralisado nossa vida? Ou as lutas têm nos aproximado de Deus, tem nos feito enxergar o Seu agir, o Seu cuidado, o Seu propósito?

Que Deus nos ajude a reagir com sabedoria diante das provações!



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